domingo, 28 de agosto de 2011

Miragens com ilhas.

Um rosto pálido.
Mãos trêmulas e mortas.
Olhos arregalados e paralisados.
A respiração inexistente.
O coração?

Que coração?

Palpita uma vida injusta.

Ela  não tem suavidade mais.
Pinta os olhos de tinta preta e esfrega as mãos no rosto.
Chora quase um luto por ela mesma.

Contorce-se entre dores e falência de sentidos
Deita quietinha num choro miúdo
E não sabe o que é imaginação ou realidade.
Não sabe se dorme ou se tudo é vida dela.

Não seria crime nenhum
Se ela afogasse todas as mágoas assim em qualquer rio podre
Não seria sacrilégio nenhum
Se ela enterrasse todas as caixinhas de desaforo em qualquer ruazinha deserta.

Ela inventou um novo verbo: “desilhar”
Cansou de estar ilhada por tantas coisas ruins e injustas.
Só falta ter a sabedoria de descobrir como proceder para cada “desilhamento”


Antídoto

Não sinto mais o gosto do veneno
Aquele gosto que desce cortando tudo por dentro
Os olhos lacrimejam e o estomago quer sair de dentro do corpo
Veneno  fraco.
Veneno falsificado.
Veneno placebo.

Envenena-me como antes!
Deixe todas as células do meu corpo enfraquecidas pelo teu veneno
Queime minha pele com o antigo veneno, deixe marcas.
Quero minhas idéias confusas pelo gosto do teu veneno
Quero aquela arritmia
Quero que me falte o fôlego
Quero parar de respirar com o verdadeiro veneno

Envenena-me!
Danifique minha pele por absorver cada gota daquele veneno
Envenena-me!

Envenena-me!
Crie novos antídotos para minha sensação atípica
Não neutralize o veneno que mais aprecio.
Teu veneno não me paralisa mais.

Eu não quero veneno diluído.
Eu quero litros do veneno mais químico!
Nunca mais me ofereça esse veneno falsificado!