sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Intenções.

É tudo uma questão de tempo.
Ela será pega.

Que diabos ela procurava quando saiu por aí?
Sem levar dinheiro, nem comida, nem roupas e nem mapas?

É tudo uma questão de tempo.
Ela será pega. Ela será massacrada!
Nunca será salva.

Um ofereceu ajuda mas viu que ela não tinha dinheiro e foi embora.
O outro percebeu que ela não tinha roupa e a ajudou com segundas intenções assim a levou para mais longe em um lugar cheio de pecados e esbórnias. Ela quase foi pega.
Um terceiro ofereceu ajuda, mas ela não confiava em mais ninguem. Fugiu.

Ela foi encontrada em uma estrada por alguém que não quis se identificar.
Ela parecia sem norte, suja, desalmada com fome e muito medo.

Ela será pega mais cedo ou mais tarde.
Disseram por aí: "tomara que quem a encontre seja bom e a ajude"
Ela ja confiou em todos que estenderam a mão para ela e só se enjaulou ainda mais.
Ela sabe que quando for pega morrerás.
De uma forma ou de outra vão engana-la mais uma vez e ela vai ser pega.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Desconversa.

-Como você está?
-Eu estou bem.
-Está feliz?
-Eu estou bem e não tenho do que reclamar.
-Não vai sair hoje?
- Hoje não.
-Por que não sai a noite está linda!
-Não vou sair.
- O que vai fazer então?
-Nada.
-E o coração como está?
- No mediastino médio, sob o osso esterno pendendo para o lado esquerdo como deveria, obrigada!

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Não, por favor eu lhe imploro que não.

Não me diga nomes porque eu nunca os guardo.
Não sorria para mim como um desenho animado enlouquecido porque eu tenho medo.
Não corra de mim para que eu corra atrás como se fizéssemos parte de um comercial de calçado porque eu não quero me falsificar.
Não me segure como se nunca mais fosse me ver porque pode acontecer e talvez eu não queira por enquanto.
Não olhe em minhas mãos tentando adivinhar um segredo porque eu não tenho nenhum.
Não me deixe sair do seu carro como se apenas eu te pedisse uma carona porque eu faço parte da sua caminhada.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

martírio.

Encolha teus ombros como se carregasse um peso nas costas. Um peso que te rasga, que te fere e que te faz sedenta.
Cada sorriso hipócrita que mostra aos teus súditos é um peso a mais nas tuas costas fracas.
Entrelace seus braços em volta de ti como se confortasse sozinha.
Um conforto ilusório que te machuca, que te engana e que te faz usuária.
Cada mágoa calada que esconde de qualquer sujeito é uma dependência maior de suas ilusões.
Esconda teu rosto de qualquer um que tenta ler teus olhos como se fosse um martírio.
Um martírio inventado, calejado, doado como uma coisa velha e suja.
Cada dor anestesiada de forma abstrata é um martírio precoce nos teus olhos pequenos.
Prepare-se porque não tarda  para que levem até tua alma.

domingo, 11 de dezembro de 2011

De só ao pó.

A moça
De cara fechada e coração aberto
De mão calejada e sentimento secreto
De boca calada e olho sedento
De alma assassinada e corpo enfermo

Pobre moça
Chora moça, chora!
Moça só,
Moça pó.

Um te dá amor pela metade
O outro te dá amor por piedade
Um te dá amor de ficção
O outro te dá amor sem convicção.

A moça de cara fechada e coração aberto
Morre cada noite mais um pouco
A moça de boca calada e olho sedento
Se enforca cada noite mais um pouco.

Pobre moça
Morra moça, morra!
Moça só,
Moça pó
Morra só
E torna-te pó.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

E se eu quiser voltar para casa?

Cala-me,
Da pior ou da melhor maneira
Mas por favor!
Cala-me.

Não me deixa falar porque eu posso me ouvir na maioria das vezes. E isso tem me irritado sempre.
Já sabemos meu texto de trás para frente e não queremos ouvi-lo de novo. Pelo menos eu não!

Cala-me!

Engasga-me com todas essas palavras sem sentido. Faça-me engolir cada palavrinha tacanha, sem importância, medrosa e por fim desnecessária.

E quando perceber que talvez eu queira voltar para casa me impeça com a mesma voracidade com que me calas.

Nesse minuto eu posso querer te matar, mas não se importe com por menores.

Acredite: Cala-me.

domingo, 4 de dezembro de 2011

ruas sujas

Não peça que eu explique o eu que jamais entenderei
Eu perdi tudo o que é meu em ruas sujas que eu nunca andei
Não peça para que eu feche a única janela que joga vida na minha cara
Ah, se eu pudesse correr apenas mais uma vez eu voltaria lá.

É tão fácil dizer por aí que sou louca quando eu berro até ficar vermelha
Difícil é visualizar o pavor nos meus olhos quando você faz de mim uma personagem
Se não é capaz de enfrentar toda a minha ventania não voe próximo a mim
Ah, se eu pudesse correr apenas mais uma vez eu sairia daqui.

Mesmo se falássemos outra língua não seria diferente
Mesmo se acreditássemos na nossa farsa não seria diferente
Mesmo se inventássemos uma nova fórmula não seria diferente
Mesmo se mudássemos nossa história não seria diferente

Um dia você me olhou nos olhos com tanto amor que eu me quebrei por completa
Outro dia você não fintou meus olhos e me soou uma nota qualquer que eu me puni por ter quebrado na outra hora
É que na verdade eu sei que eu não devo fechar os olhos até arrepiar com suas mãos em mim e nem me castigar se por acaso achar que devo
Ah, se eu pudesse correr apenas mais uma vez eu não estaria mais aqui.

sábado, 3 de dezembro de 2011

como o teu ideal.


Imagine:

Um céu de azul forte e riscos alaranjados distantes, porem, tão vivos. Nuvens brancas e redondas com um sol de amarelo bem forte que parece que foi falsificado. Você provavelmente vai enrugar seus olhos para ver essa paisagem, porque ofusca sua visão. Incomoda mas encanta tanto. E se ao olhar essa cena você quiser se perder num abraço apertado com alguém seria de certo ideal.

Uma chuva forte. As águas não caem do céu e sim despencam, e as gotas de água mais parecem traços grotescos. A água chega furar seus ombros pela força que vem. Céu cinza com vento gelado. Teu corpo mal se mantém em pé. Guarda-chuva? Não adianta. E se ao se deparar nessa situação você quiser tirar alguém para dançar como se fizessem par numa cena de cinema de certo também seria ideal.

Uma noite fria e sua cama vazia. Seu sono parece ter te pregado uma peça e a casa tem um silêncio que parece que vai te ensurdecer a cada minuto quieto. Falta luz, calor, música e um bom vinho. E quando vivenciar parte disso você quiser beijar alguém seria de certo ideal.

Uma música que te enlouquece toca inesperadamente no seu rádio é uma música antiga e que você nem sabe o nome apesar de apreciar tanto. A letra não é em seu idioma e você quase nem sabe o que a letra significa. Mas faz parte de você. Algo nela te faz querer estar nela. E sempre quando isso acontecer se você quiser estar perto de alguém de certo também seria ideal.

O que não seria ideal é ter um alguém para cada situação invés de sempre querer o mesmo alguém para qualquer cena da sua vida.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

pseudo luz.

Nem olhos abertos e nem bocas movendo
Mas ainda assim se percebe e se traduz.           

Quando você tentou apagar minha luz imaginou que eu teria um gerador?
Pois bem.
Eu não tenho!
Mas e se eu tivesse?