domingo, 22 de julho de 2012

Apreensiva

Ela não tem noção do tempo, essa tal de Carolina.
Ela fica horas olhando no espelho e não a enxerga.
Cantarola as musicas em francês com a pronuncia errada e praticamente berra.

Ela arruma a casa semi-nua, essa tal de Carolina.
Os vizinhos a acham diferente e alguns até se acostumam com esse jeito sem jeito que ela tem.

Ela sorri para ela mesma e a aconselha.

Essa tal de Carolina usa roupas por cima de outras roupas.
Pinta uma unha de cada cor e sai na rua descabelada.
Tem vasos sem flores e flores grudadas na parede.
Não usa elevador e o mais longe que vai são cinco quadras da sua casa.

Passeia no parque de manhã recém chegada da farra ainda de porre e dança em cima dos bancos das praças passando por cima dos senhores que lêem o jornal.

Uma tal de Carolina.
Uma desgraça para quem não a conhece uma dádiva para quem a fez.

Essa tal de Carolina saiu por volta das onze horas da noite não disse para onde ia e nem se voltava.


domingo, 15 de julho de 2012

Picos de Carolina

Carolina baila de cara pálida
Enrubesce tua face desvalida.

Nobreza invertida, Carolina?
Assuma sua fala enobrecida.

Temida Carolina!

Temes adoecer de amor e falecer sozinha,
Temes adoecer sem amor e falecer sozinha.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Whisky puro

A seco,
sem pausa no gole nem pedras de gelo
Consome,
sem apetite e nem paladar
Aceita,
sem dizer e nem pensar
Dança,
sem rodopiar e nem saltar
Abraça,
sem apertar e nem sentir
Chora,
sem sofrer e nem soluçar
Corre,
sem olhar e nem fugir
Fala,
sem esclarecer e nem traduzir
Olha,
sem enxergar e nem deduzir
Perdoa,
sem entender e nem acreditar
Ama,
sem culpar e nem pedir
Espera,
sem cansar e nem desistir
Engole a seco aquele olhar sem conforto e aquelas palavras sem consolo,
sem pausa no gole e nem pedras de gelo.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Até os pés choram quando o salão de dança está vazio

O errado traz angustia a ela enquanto o sensato traz agonia. Pobre moça perdida!
Perdida no tempo, no espaço, nos pensamentos e no amor: sempre no amor.

Ela criou um labirinto e ela mesma se perdeu. Pobrezinha!
Ela sequer imagina que seu rosto existe a tradução mais nítida da sua alma que finge hora ou outra ser fria, mas está aflita além de perdida. Pobrezinha, pobrezinha!

Carrega nas costas um casaco de desaforos bordados com insensíveis verdades
Pobrezinha da moça?
É tão culpada quanto covarde.
Aceitou metade de um bolero e depois ficou no meio do salão esperando a música acabar enquanto todos no salão não notavam sua insignificante tristeza vendo o seu par sair rodopiando com a dançarina que merece a dança inteira.

Pobrezinha da moça perdida que aceita metade de um bolero?
Oras, o bolero ou se dança até o final ou não se dança!


domingo, 10 de junho de 2012

A verdade vos libertará

Eu te liberto!
Eu nunca perguntei se alguma vez você já se sentiu pesado ou se perdeu o sono uma noite sequer com meus mistérios, mas eu te liberto!
Te liberto de todas as noites em claro de martírio por meu silêncio.
Eu te liberto!
Eu nunca perguntei se alguma vez você já se sentiu frio ou se perdeu o sono uma noite sequer com meus medos, mas eu te liberto!
Te liberto de todas as noites em claro de martírio por minha hesitação.
Eu te liberto!
Eu nunca perguntei se alguma vez você já se sentiu culpado ou perdeu o sono uma noite sequer com minhas carências, mas eu te liberto!
Te liberto de todas as noites em claro de martírio por minhas lamúrias.
Eu te liberto!
Eu definitivamente te liberto!

sábado, 26 de maio de 2012

pedaço meu ... pedaço seu.


O dia se foi com toda a minha vontade de ficar perto de você
Quebre o que for dentro ou fora de mim, eu não vou chorar nem mais uma vez por você, por mim, por nós e na verdade por nada e nem por ninguém .

Então quebre-me mais uma vez se for sentir-se seguro e siga em frente.

Eu senti de perto todas as tuas dores, as minhas  são encenadas e o meu espelho as ignora todo o tempo.

A noite veio com toda a minha vontade de estar sozinha e muda
Quebre o meu mundo  falso ou o real, eu não vou chorar nem mais uma vez
Por você, por mim, por nós e na verdade por nada e nem por ninguém.

Então se você se sentir melhor quebre minha cara com teu punho fechado.

Eu me alimentei das tuas loucuras, as minhas são  encenadas e o meu espelho as ignora todo o tempo.

Corte meu peito com teu afiado sentimento, eu não vou chorar.
Asfixie meu ar com teu  confortável abraço, eu não vou chorar.
Golpeie minhas costas com teu pesado corpo, eu não vou chorar.

Fincarei meus olhos nos teus enquanto tenta deixar tudo em mim com a mais tenra dor, e eu não vou chorar.

Serei capaz de sorrir e te mostrar o céu ensolarado pela janela enquanto esfaqueia minha barriga, eu não vou chorar.

Não faça essa cara, tenho certeza que aceitará um abraço meu ...desajeitado,  pela manhã seguinte enquanto tenta juntar  todos os meus pedaços grudados em você.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Cria quimérica.

Se soubesse que cada vez que você se afasta de um abraço meu é um pedaço aqui dentro de mim que se quebra faria o que?
Continuaria cerrando seus punhos quando eu de surpresa abraçava você e me afastaria de você mais uma vez?
Se soubesse que cada minuto de silêncio teu quando eu tento contar uma coisa ou outra que aconteceu ou algo que gostaria da sua opinião é outro pedaço aqui dentro de mim que se quebra faria o que?
Continuaria evitando meus olhos nos seus?

Agora que eu já quebrei de vez?
Adianta?

Sou pedaço seu e você quebra assim?

Está difícil e não deveria. Eu sempre tirei isso de letra mas não consigo mais deu defeito em mim, eu me quebrei.

A vontade de sumir é para não me sentir nunca mais assim. Nula para você todas as manhas, tarde e noites.
E quando meto os pés pelas mãos é motivo de julgamento, mas quando conquisto algo plausível é apenas uma folha ao vento.

Obrigada minha querida por me fazer sentir assim: uma pessoa sem definição para você.

Dói até não sei onde do meu corpo que saiu de dentro de você e parece não se incomodar.

Perdoa-me.
Eu só queria um abraço antes de dormir sem motivo mesmo.

Falta ar nos meus pulmões de tanta dor quando eu vejo que será para sempre assim, cansei de esperar o dia que eu não me sinta um ser sem definição.