domingo, 27 de novembro de 2011

Nous Réunit.

Não os vejo mais.
Não os quero também.
E se eu falasse francês?
Ou se eu voasse por cima da Lua?

Não os vejo mais
Seria porque não os quero mais?
Não lembro quando deixei de vê-los
Será que foi no mesmo momento que não os queria mais?

Imagine
Distante de ti
No escuro e semi-nua
No pulso uma pulseira fina de pedrinhas coloridas
Na mão um cigarro aceso esfumaçando meu rosto
Um violão nas minhas coxas
Um lábio pintado cantarolando versos em francês

Imagine
Distante de ti
No escuro e criativa
Distante de ti
Como deveria ser.

Eu não os vejo mais.
Estou salva?
Brisant nos coeurs et nos têtes,
A jamais, nous réunit.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Secreta

Uma multidão olhando fixamente meus olhos
Fico com medo! Por que justo eu?
Aí eu percebo que todos são monstros brancos com olhos laranjas
Fico com medo! Da onde saiu essas criaturas?
Fico com medo! Por que me encaram?
Tento sair de lá, mas ir para onde?
Nem sei onde estou.
Aí eu me lembro que não posso sair.
Eu sou um segredo e devo ficar escondida para sempre.
Fico com medo!
Será que todas essas criaturas de olhos laranjas vieram me assustar, me culpar ou são todos monstros como eu?
Fico com medo!
Talvez pessoas assim como eu que são segredos e não podem ser vistas por aí acabam virando esses monstrinhos brancos de olhos laranjas com o passar do tempo.
Deve ser castigo.
Fico com medo!
Eu não quero virar esses monstrinhos.
Eu queria às vezes esquecer que sou um sentido oculto.
Pobres monstrinhos brancos com seus olhos tristes além de laranjas!

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

De Leonardo da Vinci ou Michelangelo, tanto faz!

Coloque cercas
Não, cercas não protegem bem.
Então coloque muros.
E ainda assim será invadido.
Paredes?
E mesmo assim será incomodado.
Qualquer medida de separação de limites.
É nula. É desunida. Não tem propriedade.

Eu não queria.
O que mesmo sentimos quando nos abraçamos de olhos fechados sem pensar em mais nada?
Ah era isso, que alívio!
Abraça-me agora?
Desculpa eu estar parecendo uma pintura renascentista esses dias?
Eu estive triste. E estou pensando em deixar essa parte do outro lado do muro junto com o que não quero perto de nós agora.
Mas no momento terá que gostar e entender de pintura renascentista, depois jogue tudo pela janela e me abrace!

sábado, 5 de novembro de 2011

Interminable.

Olhos fixos nos teus olhos.
Inspiro e encho o peito de ar e de verdade.
E aí falo para você que sou inabalável.
E o pior? É fácil de acreditar. Até eu acreditaria.

Mas a verdade é que não faço parte de um filme francês.
Embora quisesse ter a vida baseada numa direção de René Clément.

E eis que qualquer pedrinha no meu caminho tem virado um asteróide.
E olhos fixos nos teus olhos tem virado um murro na minha face.
E de inabalável eu não tenho nada.
E o pior? Não estamos estrelando filme nenhum ainda mais francês.
E mesmo se estivéssemos não haveria final nenhum.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Teu álibi.

Eu imploro para que não abra meus olhos.
Deixa assim?
E quando eu te perguntar o por que mentiu, fuja!
Eu imploro de olhos fechados e de mãos cerradas
De testas frisadas e costas corcundas de frio para que não abra meus olhos.
E quando eu te perguntar o por que me enganou, fuja!

Eu imploro para que não mude a porta de lugar.
Deixa assim?
E quando eu te perguntar o por que me prendeu, minta!
Eu imploro de olhos fechados e promessas curtas
De testas frisadas e juras aflitas de pavor para que não mude a porta de lugar.
E quando eu te perguntar o por que me sufocou, minta!

Eu imploro para que não acenda a luz.
Deixa assim?
E quando eu te perguntar o por que me mutilou, crie um álibi!
Eu imploro do avesso e de mãos cerradas
De bocas mordidas e costas corcundas de frio para que não acenda a luz.
E quando eu te perguntar o por que  me assassinou, crie um álibi!

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Quem foi que ensinou para você que os girassóis são ridiculos?

Deixa-me ser ridícula.
Deixa-me, me deixa!
E eu sei que eu não preciso pedir pela quarta vez.
Você deixaria sem eu ter que pedir. Já deixou!

Você vai perguntar e eu vou ficar em silêncio mais uma vez.
É tudo muito difícil.

Ou eu corro
Ou eu fico aqui
Ou mudo de país
Ou eu mudo tudo
Ou eu não faço nada

E você esta deixando eu ser assim... Tão ridícula.

A parte boa é quando estamos procurando girassóis
A parte ruim é quando eu lembro que os girassóis não são meus.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

O monstro que não incomoda.

Eu queria.

Sempre tive a mania de me policiar.
Acho que minha mãe criou um monstro.
Filha, não peça nada nunca e sempre espere que te ofereçam, não vai incomodar. Se não oferecerem nunca peça.

E esse ensinamento para mim foi como lei. E era uma coisa louca, quando as pessoas me ofereciam as coisas, um brinquedo emprestado, um pedaço de bolo, uma balinha e mesmo querendo eu chacoalhava a cabeça e dizia: Não, obrigada! Tudo isso com medo de incomodar. Mas às vezes, na maioria das vezes, eu queria e dizia não.

Minha mãe criou um monstro!

Mas eu queria.

Queria tanto  mas minha mãe me disse para não pedir. Que incomoda.

Como se eu obedecesse minha mãe desde que nasci. Mas nesse quesito eu sempre obedeci até mais do que ela pediu.  Detesto incomodar.

Eu queria tanto... Não é de hoje.

Apenas que ele sentasse encostado na parede e me acolhesse nos seus braços. À meia luz e com um som agradável na vitrola. Eu deitaria com o meu peito encostado no peito dele, minha orelha seria acolhida em seus ombros e ele laçaria minhas costas com seus dois braços. Fecharíamos os olhos e ficaríamos ali até quando eu me sentisse satisfeita. E por fim um beijo na testa demorado demonstrando seu carinho por mim nesse momento estranho para mim. É pedir demais?

Justo para quem nunca pediu nada na vida?

Talvez eu devo ter pedido uma ou trezentas coisinhas insignificantes por aí. Mas não foi de ambição e nem para incomodar ninguém. Sempre obedeci minha mãe (nesse quesito)

É que eu queria muito... Ok deixa para lá.


Sabe, nem sou eu mesmo. É uma amiga de uma amiga da minha amiga. E eu só queria ajudar.